
Em 17 de maio de 1980, durante as eleições peruanas no povoado de Chusqui – no estado de Ayacucho, no Peru – é feita a declaração pública de guerra pelo Partido Comunista do Peru (PCP) contra o velho Estado peruano, onde guerrilheiros camponeses denunciaram a farsa eleitoral e queimaram as urnas do local, marcando assim o início da Guerra Popular Prolongada no Peru, desencadeando um longo processo revolucionário, inspirando as massas populares por todo o mundo através de seus aportes de validez universal.
O imperialismo, a reação e o revisionismo, que possuem os monopólios de imprensa na mão, fabricam vis mentiras sobre o PCP, considerando a guerra popular peruana como encerrada e tergiversando sobre a sua necessidade. Alegam que a guerra popular teria terminado nos anos 90, após a prisão do Dr. Abimael Guzman Reynoso: o Presidente Gonzalo, chefatura do Partido e da Revolução no Peru. A realidade, porém, é que embora em processo de reorganização, o PCP e a guerra popular continuam firmes em seu heroísmo, tomando-a como motor deste processo. O partido e o Exército Guerrilheiro Popular (EGP) seguem realizando ações de propaganda e agitação armadas a nível nacional, e o Partido Comunista do Peru projeta-se a nível internacional como membro fundador da Liga Comunista Internacional (LCI), criada em dezembro de 2022 para fazer avançar a revolução proletária mundial.
A Guerra Popular no Peru
Em 1964, durante a IV conferência nacional do PCP, Abimael Guzman, que já era militante do PCP há pelo menos 6 anos, dirige a luta de duas linhas dentro do PCP contra o revisionismo soviético encabeçado pelo capacho Jorge Del Prado, que visava tornar o Partido em um mero instrumento do social-imperialismo. Esta luta de duas linhas, generalizada em todo o mundo, inclusive em Portugal, ocorria frente à restauração capitalista na URSS, capitaneada por Nikita Kruschev, a qual o Presidente Mao Tsé-Tung, chefatura do Partido Comunista da China à época, dirigiu em defesa do marxismo. Após a expulsão de Del Prado e sua camarilha do partido, decisão tomada pela maioria dos comités do PCP, a direção cada vez mais reconhecida do Presidente Gonzalo define a necessidade da reconstituição do PCP, unificando-o em torno do então marxismo-leninismo-pensamento Mao Tsé-Tung.
Há 41 anos, em 1979, após duras lutas de duas linhas dentro do partido, o partido é oficialmente reconstituído e lança o início da luta armada em 17 de maio de 1980, no evento que ficou conhecido como ILA 80 e que nos posteriores 15 anos libertou o proletariado e povo peruanos em quase metade de todo o país. Em 1982, após 12 anos de intenso combate ao imperialismo, reação e revisionismo, aplicando criativamente o marxismo às questões particulares do Peru, o PCP define o marxismo-leninismo-maoísmo como terceiro e mais avançado estágio da ideologia científica do proletariado internacional, bem como gera o Pensamento Gonzalo, que responde aos problemas particulares da revolução peruana e gerou aportes de validez universal que devem ser assimilados por todos os revolucionários. Durante os próximos anos foram realizadas ações de tomadas de terra, boicote eleitoral e propaganda armada, bem como ações armadas contra alvos reacionários e estruturas do imperialismo. Todo este processo leva à proclamação da República de Nova Democracia, em 1992. Nela, milhares de Comités Populares possibilitavam as massas de exercer a sua democracia proletária.
O heroico exemplo revolucionário peruano é tão brilhante que até os dias de hoje impulsiona as Guerras Populares na Turquia, Índia e Filipinas, assim como o processo de reconstituição dos Partidos Comunistas em todo o mundo.
O PCP causou tão duros golpes ao velho Estado peruano, que fez com que este, junto com as classes dominantes peruanas, passassem ao regime fascista declarado, à liderança do fascista genocida Alberto Fujimori. Este episódio marca uma escalada avassaladora na guerra popular, com o velho Estado peruano escalando a sua repressão contra as massas, realizando diversos crimes de guerra contra as mesmas, nomeadamente os repetidos massacres contra prisioneiros de guerra e presos políticos. Em 1992 – já com a intervenção direta do imperialismo ianque –, o Presidente Gonzalo e grande parte do Comité Central do PCP são presos pelo velho Estado peruano. Em uma tentativa de humilhá-lo, o velho estado o vestiu em uma caricata roupa de prisioneiro e o expôs para as massas do Peru dentro de uma jaula. Porém, ele aproveitou-se da oportunidade para realizar um discurso heroico e histórico, no qual exorta os revolucionários a persistir na Guerra Popular, insistindo que a revolução é uma necessidade histórica, que é o dever dos comunistas superar a “curva no caminho”, prosseguindo a guerra popular.
Após a prisão do Comité Central, entretanto, estruturou-se no partido uma Linha Oportunista de Direita (LOD), instrumentalizada pelo serviço de inteligência do inimigo e em sua maior parte encabeçada por quadros da direção que capitularam após o cárcere, dentre eles, Elena Iparraguirre que, agora vendida ao imperialismo e a reação, promove a patranha das Cartas de Paz, buscando desestabilizar internamente o Partido e levando a diversas capitulações. Do outro lado, nota-se o surgimento da Linha Oportunista de “Esquerda” (LOE), encabeçada pelo clã Quispe-Palomino, que proclamam Gonzalo como traidor das massas e usurpam parte da estrutura do Exército Guerrilheiro Popular (EGP), convertendo-o na narcoguerrilha reacionária hoje conhecida como Militarizado Partido Comunista do Peru (MPCP). As investidas dos oportunistas da LOD e da LOE, que visavam confundir as massas e, ao fim e ao cabo, esmagar a Guerra Popular Prolongada dirigida pelo Partido Comunista do Peru, resultaram em desestabilização interna e recuo das ações armadas.
Até os dias de hoje, o PCP segue combatendo e derrotando a LOE, a LOD e a reação. Seguindo o exemplo do PCP e do Presidente Gonzalo, os comunistas e revolucionários de todo o mundo lutam e avançam pela reconstituição do Partido Comunista em seus países, reunindo-os em torno do marxismo-leninismo-maoísmo. Este movimento foi intensamente impulsionado com a fundação da Liga Comunista Internacional, organização que visa reconstituir a gloriosa Internacional Comunista, fundada por 15 partidos e organizações da América Latina, Europa e Ásia, abrindo nova base avançada para a luta de duas linhas pela adoção do maoísmo e pelo início da Guerra Popular, país por país, em todo o mundo.