
Neste 25 de Junho, o povo moçambicano celebra meio século (1975-2025) desde que rasgou as pútridas correntes do colonialismo português. Cinquenta anos desde que as massas se levantaram nas matas, nas aldeias, nos campos e nas montanhas para libertar a pátria, não com favores, promessas vazias ou ilusões institucionais, mas com coragem, vigor e bravura, fazendo valer a máxima do presidente Mao Tsé-Tung de que “o poder político nasce do cano do fuzil”.
A libertação de Moçambique não foi obra do acaso. Foi resultado de uma guerra dirigida pelas massas contra uma herança colonial reacionária que, por séculos, violentou e humilhou os povos de África. Durante séculos, Moçambique foi explorada, humilhada, forçada a trabalhar para enriquecer os patrões de Lisboa. Mas chegou o tempo em que a justa revolta se transformou em fúria organizada contra os opressores. E foi assim que nasceu a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) – como chama viva da guerra de libertação nacional.
A FRELIMO, dirigida por homens e mulheres do povo, compreendeu que a independência não viria apenas das palavras, mas das armas empunhadas pelos trabalhadores, camponeses e povos originários conscientes e organizados. Inspirados por outros povos do mundo que também se levantavam contra a opressão, inclusive grandes nações que, mesmo do outro lado do mundo, sabiam que a terra pertence a quem nela vive e trabalha, os combatentes moçambicanos aprenderam a transformar pequenas aldeias em fortalezas, a fazer da floresta uma escola e do povo uma força invencível.
O apoio da China Popular
Durante a justa guerra de libertação do povo moçambicano, a República Popular da China – ainda em seu período revolucionário, sob a direção de Mao Tsé‑Tung – foi parceira firme na luta contra o colonialismo. Entre meados da década de 1960 e início dos anos 1970, a FRELIMO recebeu não só armamento, mas também formação militar e política nas zonas libertadas e em campos em países vizinhos. Nesse contexto, a influência de idéias maoístas, ainda mais apuradas pela Grande Revolução Cultural Proletária (GRCP) que ocorria na época, foi clara: enfatizou-se a importância de organizar o povo, mobilizar camponeses e criar um exército de guerrilha cimentado na participação coletiva — não só para conquistar o território, mas para construir uma consciência própria de libertação nacional.
Essas lições tiveram impacto direto na construção estratégica de Samora Machel e dos seus companheiros de luta. Recebendo armas e ensinamentos sobre a “guerra popular prolongada”, os combatentes aprenderam que a libertação nacional exigiria o envolvimento ativo das comunidades: organizar comitês, educar politicamente os guerrilheiros e criar espaços autossuficientes nas zonas libertadas, tal como ensinava a experiência dos revolucionários chineses. Samora trouxe essa visão para dentro da FRELIMO, afirmando que libertar Moçambique não era só trocar uma bandeira, mas transformar o povo e o destino da nação — função central daquelas ideias que a China compartilhara, sob o exemplo prático do presidente Mao.

Samora Machel, dirigente máximo da libertação moçambicana
Samora Machel, filho da terra e melhor filho de seu povo, glorioso combatente, soube ouvir o grito dos camponeses e das mães que viam os filhos arrastados para o mato pela guerra colonial. Com firmeza e espírito de serviço, liderou não como chefe distante, mas como um companheiro de combate. Disse com clareza: a independência não se vende, não se adia, não se negocia — conquista-se. E assim foi.
Hoje, passados 50 anos, há muito para celebrar, mas também muito para vigiar. O povo que libertou Moçambique do julgo colonial português continua a ser explorado, não mais pelo colono direto, mas por novas formas de dominação perpetrados pelas potências imperialistas: económica, política e cultural. A terra continua a ser roubada, os jovens continuam a ser empurrados para a emigração, e os frutos da independência, apesar dos pesares, se tornaram puramente formais.
Por isso, esta data não é apenas comemorativa. É também um chamado à memória e principalmente à luta. Que nunca esqueçamos que a liberdade foi, é e será conquistada com suor e sangue do povo, com justa aplicação da violência revolucionária contra o opressor.
O povo moçambicano provou ser capaz de vencer o impossível. Agora, cabe a eles fazer valer essa conquista — defendendo a terra, o trabalho, a justiça e a dignidade de todos os que lá vivem e trabalham. Aplicando as lições aprendidas com a guerra de libertação nacional contra o velho Estado português contra os atuais opressores da pátria, superando a opressão colonial e feudal e avançando rumo a República de Nova Democracia ininterrupta ao socialismo.