
No âmago das florestas densas da Índia central, onde o povo adivasi e camponês resiste há décadas à opressão do velho Estado indiano, ergueu-se uma figura que se tornou símbolo de abnegação e luta revolucionária: Basavraj, nome de guerra de Nambala Keshava Rao. Líder revolucionário que figura entre os melhores filhos do povo indiano, dedicou a sua vida à causa da libertação das massas exploradas e oprimidas.
O caminho à Guerrilha
Nascido em 1955 na vila de Jiyannapet, no estado de Andhra Pradesh, Basavraj formou-se em Engenharia no Instituto Nacional de Tecnologia de Warangal. Desde cedo, envolveu-se no movimento estudantil revolucionário e juntou-se, ainda jovem, ao então People’s War Group, uma organização que viria a convergir, anos depois, com outros destacamentos revolucionários, formando o actual Partido Comunista da Índia (maoista) – PCI (M).
Com o passar dos anos, Basavraj destacou-se pela sua inteligência táctica e dedicação incansável. Especialista em estratégia militar e táticas de guerrilha, ascendeu até à direcção central do Partido, onde coordenava as acções armadas e a defesa das zonas libertadas nos bastiões da luta popular.
Legado militar ao serviço do povo indiano
Em 2018, após décadas de combate, Basavraj assumiu a responsabilidade de Secretário-Geral do PCI (M), sucedendo ao camarada Ganapathy. Sob a sua liderança, as forças revolucionárias aprofundaram o trabalho entre os camponeses e intensificaram as acções de autodefesa nas regiões sob ocupação militar.
Entre os episódios mais marcantes da resistência figuram o ataque de Dantewada, em 2010, que resultou na eliminação de 76 membros das forças repressivas do Estado e a acção em Jeeram Ghati, em 2013, que atingiu duramente o aparelho político local e expôs a conivência entre partidos institucionais e os interesses imperialistas na repressão do povo.
Estas ações não foram expressão de aventureirismo gratuito, mas sim manifestação de uma guerra popular em curso, travada contra um Estado que, por décadas, tratou os camponeses e os povos indígenas como inimigos internos, entregando as suas terras à pilhagem de multinacionais sob o pretexto do “desenvolvimento”.
O martírio de Basavraj à serviço da Revolução
A 21 de Maio de 2025, Basavraj foi assassinado numa operação de cerco e aniquilamento levada a cabo pelas forças armadas do regime de Modi, no interior das florestas de Abujhmad, Estado de Chhattisgarh. Com ele também foram martirizados 27 outros combatentes revolucionários.
O governo fascista indiano celebrou o episódio como uma “vitória” e proclamou o fim da insurgência. Mas esta leitura serve apenas aos que desejam enterrar a luta popular e perpetuar a exploração. Para os povos da floresta, para os camponeses pobres, e para todos os que lutam contra o imperialismo e o feudalismo, a morte de Basavraj representa uma curva no caminho da revolução — jamais um fim.
Um Exemplo para os Povos do Mundo
Basavraj não buscou glória pessoal. A sua vida foi de entrega total à causa revolucionária. O seu exemplo ecoa para além das montanhas da Índia e atravessa fronteiras. O proletariado internacional deve ver na sua luta uma centelha da mesma chama que arde nas lutas contra a exploração e a opressão em todo o mundo.
Num tempo de guerras, de crises e de falsas alternativas eleitorais, o caminho traçado por Basavraj lembra-nos que só o povo organizado, firme na sua linha, pode transformar radicalmente a sociedade. A revolução indiana continua viva — e com ela, o legado dos seus filhos mais firmes.
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