
Na manhã do dia 27 de maio, um camião transportando aproximadamente 150 pacotes de explosivos gelatinosos a base de nitrato, popularmente conhecidos como gelatinas, desapareceu numa floresta do distrito de Sundargarh, em Odisha, após ser intercetado por um grupo armado. A carga, segundo fontes oficiais, destinava-se a uma pedreira localizada na região de Banko, nas proximidades das florestas de Saranda, território fronteiriço entre Odisha e Jharkhand.
Segundo informações divulgadas por jornais como The Times of India, Deccan Chronicle e Sambad English, o veículo foi detido por um comando de 8 pessoas armadas, que o conduziram até ao interior da floresta. Lá, entre 10 e 15 outros indivíduos participaram no descarregamento e retirada do material, desaparecendo de seguida. Algumas fontes locais, porém, estimam que o total de envolvidos pode ter chegado a 30 ou mesmo 40 pessoas — o que evidencia uma operação coordenada e meticulosamente planeada.
O episódio gerou uma onda de pânico entre sectores do velho Estado indiano. Altos oficiais da polícia foram deslocados à pressa para a região, operações de busca foram iniciadas e declarações apressadas foram dadas à imprensa tentando desmentir aquilo que estava diante de todos: longe de estarem derrotadas, forças populares armadas e dirigidas pelo Partido Comunista da Índia (Maoista) continuam activas, articuladas e firmes na sua linha de combate.
O velho Estado afirma há anos que a guerra popular estaria em “fase terminal”. Os seus porta-vozes falam em “pacificação”, “retorno à normalidade” e “extinção do terrorismo”. No entanto, episódios como o de Sundargarh revelam que esses discursos são, no melhor dos casos, fantasias de gabinete — no pior, propaganda deliberada para esconder o desespero de uma ordem social corroída pela exploração e pelo abandono.
Enquanto as autoridades locais nem sequer conseguiram registar um auto de ocorrência no momento imediato, os operativos armados executaram a sua ação com precisão militar, sem disparar um único tiro, sem alarido, tendo seu êxito reconhecido até mesmo por setores da mídia burguesa, como o jornal OdishaTV.
Este tipo de ação levanta questões legítimas: que força política é esta que, mesmo após o martírio do seu Secretário-Geral, mesmo enfrentando operações de cerco e perseguição intensas com a criminosa “Operação Kaagar”, segue a operar com disciplina e ousadia? Que projeto de país defende? E por que, apesar de toda a repressão e propaganda contra ela, continua a encontrar terreno fértil nas florestas, nas aldeias e nas mentes da juventude e da classe operária?
A resposta está na realidade concreta: a Índia profunda — a dos adivasis, dos camponeses, dos dalits, dos jovens sem perspectivas, dos operários explorados — vê nas palavras de ordem e nas ações de resistência não o “terrorismo” de que falam os jornais burgueses, mas o reflexo de uma guerra justa contra a miséria imposta há gerações.
Para além da superficialidade sensacionalista, o que se viu em Sundargarh foi uma demonstração de capacidade operativa, organização coletiva e domínio do território. E mais do que isso, uma mensagem: a rebelião se justifica. Enquanto houver opressão, haverá resistência e, principalmente, avanço.