Camponeses fazem manifestação em Messias (AL) um ano após despejo criminoso. Foto: Reprodução/Jornal A Nova Democracia
Partilhamos material originalmente publicado na imprensa popular e democrática brasileira A Nova Democracia.
Camponeses de Messias (Alagoas) das regiões do Lajeiro, Baixa Funda e Esperança, organizados pela Liga dos Camponeses Pobres (LCP), realizaram um combativo protesto que marcou 1 ano do despejo criminoso promovido pelo latifúndio da Usina Utinga Leão em conluio com o poder judiciário de Alagoas, no dia 23/10.
Dezenas de camponeses seguiram em marcha até a Prefeitura de Messias com faixas, bandeiras e cantando músicas de luta pela terra, como o Conquistar a Terra, hino da Revolução Agrária. Ao chegar à prefeitura, os camponeses se reuniram com o procurador do município de Messias, que os informou sobre o acordo entre a Usina Utinga e a prefeitura de Messias: haviam sido prometidos apenas 3 hectares de terra. Espaço absolutamente desproporcional para as mais de 700 famílias desalojadas. Isto é: 3 hectares (300×300), dividido para as 700 famílias, ficaria 42 cm para cada família. Ainda durante a reunião, o procurador ligou para o advogado da Usina Utinga, que não atendeu o telefonema.
Em entrevista ao correspondente de AND em Maceió [nota de NA: capital do estado de Alagoas], camponeses expressaram sua indignação: “Estamos aqui hoje, após 1 ano do despejo criminoso promovido pelo latifúndio da Usina Utinga Leão! Depois de todo esse tempo, não houve nenhuma resolução para os nossos problemas e estamos aqui para reivindicar o que é nosso!”.
Ainda ao AND, camponeses relataram sobre os entraves burocráticos que a prefeitura tem imposto às famílias camponesas para a liberação dos terrenos: “A prefeitura ainda insiste em segurar esses terrenos, sendo que eles já foram desapropriados em 2013 pela prefeitura para obras do PAC, que, por sinal, não foram realizadas. Estamos aqui para procurar respostas e soluções.”.
Após o ato frente à prefeitura, os camponeses seguiram em marcha para a câmara dos vereadores, onde estenderam uma faixa em frente à câmara com os dizeres “1 ano de despejo: queremos nossos terrenos já!”.
Os camponeses saíram do ato, que durou 4 horas no total, com o espírito fortalecido e a convicção de que a luta está apenas começando. As atitudes anti-povo da prefeitura e de seus lacaios só serviram para alimentar ainda mais o ânimo revolucionário.
Tarda, mas não falha
Um ano atrás, no dia 22 de outubro de 2024, a cidade de Messias e toda a população foi vítima de uma verdadeira operação de guerra contra os camponeses do Lajeiro, Baixa Funda e Esperança.
A mando dos bandidos latifundiários da Usina Utinga Leão e contando com o apoio do juiz da Vara Agrária de Alagoas, José Afrânio dos Santos Oliveira e do Prefeito de Messias, Marcos Silva, a Polícia Militar de Alagoas promoveu um despejo ilegal e violento, destruiu casas, lavouras e estabelecimentos comerciais, matou animais e ameaçou prender trabalhadores honestos.
Mais de 700 famílias ficaram desabrigadas. A cidade viveu dias de intensa ronda dos pistoleiros covardes da Usina e da polícia militar, em verdadeiro ato terrorista aplicado contra os camponeses que viviam e trabalhavam nas terras há anos.
Combatendo a covardia dos latifundiários e seus cães de guarda, os camponeses nunca recuaram em sua luta. Organizados pela LCP, eles declaram que as terras da Usina Utinga Leão são suas pelo que é de direito, e que não descansarão até conquistar a terra para quem nela vive e trabalha.
