
Foto: Nedal Eshtayah/Agência Anadolu
Republicamos material encontrado no site da imprensa popular e democrática brasileira A Nova Democracia.
Passados dois anos do monumental Dilúvio de Al-Aqsa que revigorou a causa palestiniana em todo o mundo e em meio às negociações para o fim da ocupação sionista em Gaza, a Resistência Nacional Palestinianaa (RNP) põe de forma definitiva no banco dos réus por lesa-humanidade o Estado sionista de Israel e seu amo imperialista EUA.
Netanyahu e sua pequena corte nazi-sionista, frente às câmeras e holofotes, fazem poses de vitoriosos com frases ribombantes, risonhos como hienas, como assim sempre estão, mesmo quando suas presas as repelem com fúria. Seu genocídio contra a resistência quase centenária do povo palestiniano é uma vitória de aparências. A realidade que todo o mundo vê agora é a de que o sacrifício inominável deste heroico Povo Palestiniano pôs totalmente a nu o Estado bandido que é Israel, levantou as massas no mundo inteiro e convocou todos os oprimidos da Terra a se rebelarem de armas nas mãos contra seus opressores e exploradores. E quanto mais se persistiu no genocídio hediondo, maior e mais profundamente cavou a própria tumba imunda, onde será soterrada para todo o sempre, antes mesmo do varrimento completo do imperialismo e toda a reação da face da Terra. Assim está posta a questão.
Com fino manejo da política, as conversações se processaram de modo que a Resistência buscou consolidar na mesa de negociações os inquestionáveis êxitos de seu plano político, alcançados mediante os êxitos do seu plano militar. Por trás da aparência de desolação da Gaza em ruínas e escombros e de seu povo ao relento e faminto, mas sem abandonar o solo pátrio, a entidade nazi-sionista foi derrotada em ambos os planos. Os termos de negociação pontuados pela RNP – não entrega das armas da revolução, uma administração palestiniana abrangente na Faixa de Gaza com participação do Hamas e a libertação de altos dirigentes da mesma Resistência – são, nada menos, que o acordo à esquerda do estabelecido na “Declaração de Pequim”, de 2024, quando os setores mais consequentes da nação Palestiniana arrastaram inclusive os capitulacionistas lacaios de Israel da “Autoridade Palestiniana” a uma posição de resistência. E o Satanyahu, por seu turno, teve até aqui os dois objetivos estratégicos anunciados no início de suas operações, e o terceiro oculto, todos derrotados, respectivamente: “destruir o Hamas”, “libertar os reféns” e expulsar o povo palestiniano da Faixa de Gaza. Agora, ele, Netanyahu, se viu obrigado a descer do trono, engolir seco a sua arrogância e sentar na mesa de negociações no Egito, sob as ordens de Donald Trump, quem vê os interesses ianques na região ameaçados com o isolamento absoluto a que Israel foi empurrado pela heroica RNP e pelo glorioso povo palestiniano.
Na sua tentativa de dar um ultimato com a “proposta de paz”, buscando dividir a RNP e isolar o Hamas na opinião pública internacional, EUA e “Israel” foram conjurados e saíram “catando cavaco” pelo manejo político da RNP. Os termos respondidos por esta última colocam os genocidas em posição de isolamento maior ainda, caso não aplique as condições palestinianas do cessar-fogo. Selado o acordo, consolidam as vitórias políticas da causa palestiniana; se não o cumprirem, serão desmascarados como, de fato, aqueles genocidas que não desejam a paz, agravando o já alto e irreversível custo político. Em contraste, a RNP segue angariando o enorme prestígio das massas palestinianas e solidariedade no mundo inteiro, como visto nas celebrações pelo 2º aniversário do glorioso 7 de outubro, em que, por todo o mundo, milhões de manifestantes exigiram o fim dos bombardeios genocidas de Israel e a vigência do Estado Palestiniano. No Brasil, ocorreram as manifestações na avenida Paulista (São Paulo) e em frente a embaixada ianque em Brasília (DF), levada a cabo pelos comitês de solidariedade à Palestina Mineiro, de Goiânia e Brasília. A legitimidade do Estado Palestiniano perante o mundo e à própria dita “Comunidade Internacional” ficou estabelecida e sem volta atrás.
Com o rabo entre as pernas e repreendido por seu amo, o cão de fila sionista Benjamin Netanyahu, que disse que “não negociaria com terroristas” (logo ele, genocida de carteirinha, cercado de mafiosos e terroristas a soldo), tem que, com sua propaganda nazista de mentir mil vezes, tentar vender o acordo como uma “vitória” a seus adversários políticos e dissidentes, aos judeus e israelitas não-sionistas, aumentando a fricção interna e agudizando as pugnas no seio da entidade “Israel”. Itamar Ben-Gvir (o “Himmler” nazi-sionista, fervoroso paladino da “solução final”) e outros já estão a atacar Netanyahu por fazer concessões e conduzi-los a “uma derrota nacional que será uma desgraça eterna”. Tal admissão constata o fato de que, no terreno militar, as derrotas de “Israel” são acachapantes, já que este não só não eliminou o Hamas, o que era seu objetivo declarado, como ainda o fortalecerá libertando seus quadros encarcerados, o que “Israel” disse que jamais faria, alto custo a ser pago pela prometida “libertação dos reféns”. Ainda, essa nova rodada de negociações pelo cessar-fogo representa o fim da fracassada terceira campanha de cerco e aniquilamento por meio do contínuo genocídio de crianças, mulheres e anciãos de Gaza (iniciada após “Israel” romper o cessar-fogo em março de 2025) com a exigência da retirada das tropas terroristas nazi-sionistas da região. O rompimento do cerco pela RNP lhe permitirá no período entre campanhas negociar um governo em determinadas áreas em que “Israel” não possa adentrar, isto é, consolidar territórios, bem como expandir e frutificar os louros da vitória completa sobre o plano político e militar da reação, preparando seu contracerco e as próximas ofensivas táticas em suas linhas interiores dentro das linhas exteriores ocupadas pelo inimigo, apontando a fortalecer as demais forças anti-imperialistas do Médio Oriente Ampliado, como no Iémen, Líbano, Síria, Iraque, Irã e todo o Magreb, com as quais deverá articular para seguir combatendo “Israel” e aprofundando seu isolamento e de seus lacaios no mundo árabe e muçulmano.
Em suma, se agrava formidavelmente a situação de avassaladora derrota dos planos nazi-sionistas e imperialistas, abrindo caminho para uma nova etapa da guerra de libertação nacional palestiniana, com maior liberdade política e unidade das forças da RNP e povo palestiniano. Estes, vertendo seu sangue, seguem dando heroicas mostras aos povos de todo o mundo de que é possível ousar lutar e ousar vencer o imperialismo e todos os seus lacaios. Não é demais afirmar que isso é demonstração a mais da invencibilidade da guerra de massas por suas causas justas, por meio da, e baseada na, estratégia da guerra de guerrilhas e guerra de movimento, qualquer que seja o território e desproporção de forças: as massas fazem a História e os “poderosos” reacionários não são mais que tigres de papel. É questão de tempo para seu triunfo, e menor será o tempo quanto maior for a prevalência da vanguarda dotada da ideologia do proletariado internacional em sua direção. Assim como o grande e assombroso Dilúvio de Al-Aqsa e a guerra da Ucrânia são comprovação de que a História mundial entrou a um novo período de revoluções e guerras de todo tipo, os novos resultados da guerra de libertação da Palestina, obtidos com um inominável sacrifício de seus dirigentes, seus combatentes e seu povo é, ademais, a convocação mais eloquente do presente aos oprimidos da Terra a se levantarem em armas contra seus opressores e exploradores e cria uma situação internacional ainda mais favorável a novas lutas anti-imperialistas e revoluções democráticas nas nações do Terceiro Mundo e de revoluções socialistas nas do Primeiro e Segundo Mundos.
A recém “lua de mel” de Luiz Inácio (PT) e o cabecilha ianque Donald Trump expôs novos lances de corrupção do governo, após os afagos recebidos nos palacetes de Nova Iorque, num encontro descrito pelos monopólios de imprensa como “surpreendente” e “fruto do trabalho do lobby de empresários brasileiros” (leia-se classes dominantes brasileiras serviçais do imperialismo, principalmente ianque). Entre os “empresários brasileiros” estavam os conhecidos figurões Wesley e Joesley Batista, donos da J&F Investimentos, holding da JBS, considerada a maior empresa do “agronegócio” (latifúndio agroexportador) brasileiro. E curiosamente, após menos de duas semanas de terem prestado tal serviço ao governo de conciliação e colaboração de classes de Luiz Inácio, tiveram uma de suas empresas – a JBS Aves – retirada da “lista suja do trabalho escravo” por decisão individual do ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho. Inclusive, este ministro ocultou um caso de abril desta nefasta forma de servidão vigente no País, quando dez trabalhadores estiveram submetidos a condições degradantes na coleta de frango, numa granja dessa empresa em Arvorezinha (RS). Não é isso um estímulo à burla dos direitos dos trabalhadores e um tipo do abominável crime de corrupção, a saber, tráfico de influência?
Por parte do EUA, as conversas com Luiz Inácio representam o manejo do poder ianque aqui estabelecido para criar uma barreira para a China social-imperialista, que aproveitou o “tarifaço” sobre o Brasil para crescer sua influência e expandir a importação de commodities brasileiras (como carne e soja). Por isso mesmo, mostra também que a guerra tarifária de Trump tem um limite, e é barrada pelo establishment ianque na medida em que não pode jogar todos os países-alvo no colo da China. Por isso mesmo Trump foi induzido a conversar com Luiz Inácio, ainda mais tendo a garantia de que este atenderá a todos seus interesses, pois nunca houve melhor serviçal do EUA no Brasil contemporâneo, no que respeita à eficiência, do que o pelegão, a começar pela época de sindicalista laranja (vermelho por fora e amarelo por dentro) formado por agências ianques como o Instituto Americano para o Desenvolvimento do Sindicalismo Livre (Iadesil).
Mantendo a pose patrioteira, o pelego-mor pediu o fim das tarifas e medidas contra autoridades brasileiras, em especial os ministros da casta judiciária, que (coitados!) impedidos de viajar ao EUA, agora podem somente ir à Disney da Europa. Ainda, como grande admirador da velha democracia burguesa, reafirmou sua admiração pela “democracia americana” (assim mesmo), sendo esta e a brasileira “as duas maiores democracias do Ocidente” (sic), mesmo que num estágio de decomposição sem precedentes, e com a aplicação inclusive de medidas tipicamente fascistas e galopante centralização do poder no executivo pelo ultrarreacionário Donald Trump, e no Brasil com o cada vez maior cerceamento do direito de expressão, manifestação e reunião visando criminalizar a luta popular. Um lacaio é sempre um lacaio.
Agora acariciando Trump e justificando sua subserviência, os caciques do governo e a imprensa oficial alardeiam que toda a confusão foi fruto de uma suposta “divergência” entre o presidente ultrarreacionário ianque e seu secretário de Estado, Marco Rubio, enquanto os bolsonaristas, que ficaram na sarjeta, apostam que tal “divergência” poderia ainda levar a um cenário melhor, resistindo a admitir que as bravatas de Trump foram ardis e este rifou o capitão do mato quando melhor lhe conveio para forçar uma negociação mais vantajosa para o EUA e fazer o governo brasileiro se agachar ainda mais. Frente a isso, cabe aos revolucionários e democratas desmascarar a fétida “química” entre Trump e Luiz Inácio como embuste para maior submissão do País aos interesses imperiais, que apontam a rapinar as riquezas da Nação e seguir militarizando-a nos preparativos da guerra de baixa intensidade e contrarrevolucionária em cenário de avanço da luta popular revolucionária em todo o Brasil, em especial no campo.