
Republicamos matérias produzidas pelo jornal democrático e revolucionário brasileiro A Nova Democracia e pelo portal Resistência Camponesa sobre a resistência camponesa, dirigida pela Liga dos Camponeses Pobres (LCP), aos ataques de pistoleiros em diversas Áreas Revolucionárias no estado de Rondônia, no norte do Brasil.
Pistoleiros de Machadinho d’Oeste, em Rondônia, voltaram a atacar camponeses da Área Revolucionária (AR) Valdiro Chagas, localizada na área rural do mesmo município.
Os camponeses denunciam que os bandidos são liderados pelo delinquente mercenário Gesulino Travagine Castro, um pistoleiro com longo histórico de crimes que faz o serviço sujo dos latifundiários locais.
“Eles estão dentro da Valdiro Chagas, estão atirando contra as pessoas. Pararam até nossas crianças, teve uma criança que desmaiou, porque desceu do ônibus e ficou sendo interrogada por eles”, relatou um camponês, em relato enviado para a Redação de AND pela Associação Brasileira de Advogados do Povo Gabriel Pimenta (Abrapo) de Rondônia.
Uma outra camponesa denunciou que pistoleiros passaram de caminhonete na entrada da área e dispararam contra a porteira. Outros bandidos roubaram a corrente que trancava o portão. “Recolhemos cápsulas de calibre 12 aqui. Algumas pessoas não estão nem dormindo”, detalha ela.
Os camponeses denunciam que um dos pistoleiros é chamado Diógenes Gonçalves Costa. Várias testemunhas afirmam ter visto o homem em uma caminhonete e circulando com pistoleiros na área.
As massas também dizem que a Polícia Militar (PM) está, mais uma vez, acobertando os crimes da pistolagem. Imagens aéreas feitas por drones mostraram carros e tropas da PM circulando pela região junto de escavadeiras e um caminhão (ver abaixo).
Gesulino é um bandido conhecido na região. Condenado pela Chacina de Buritis, esse delinquente atacou várias vezes, nesse ano, a Área Revolucionária Gedeon José Duque, em Machadinho D’Oeste. Os ataques foram amplamente denunciados pelo jornal A Nova Democracia, de tal modo que, irritadiço, Gesulino chegou a enviar mensagens, em uma tentativa de ameaça, para nossa Redação.
O novo ataque ocorreu dois dias depois de um ato público na Área Revolucionária Companheiro José Ricardo em solidariedade aos camponeses da área Gedeon José Duque.
No momento, ativistas e advogados já se mobilizam em defesa dos camponeses de Valdiro Chagas. A Abrapo publicou uma nota em denúncia do caso de violência e da omissão do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que até agora “não cumpriu com os seus deveres e obrigações e não houve nenhuma movimentação da autarquia para regularizar a questão”, embora, “desde agosto do ano passado, a equipe de advogadas da Abrapo de Rondônia vem tentando negociar com o Incra para que tome providências na área e no processo de reintegração de posse, visto que trata-se de área pública grilada, que deveria ser destinada para o Programa Nacional de Reforma Agrária”.
Novas atualizações (10/07)
A autodefesa da Área Valdiro Chagas repeliu duas tentativas de ataque dos pistoleiros do bando de Gesulino César Travagine Castro no dia 09 de julho. Os pistoleiros invadiram a área e dispararam dezenas de vezes contra as famílias camponesas, além de apontar armas para crianças e fazer interrogatórios violentos dentro da Área Revolucionária e nas vias de acesso, tudo sob forte escolta da Polícia Militar, como demonstram imagens captadas por drones.
Os ataques se iniciaram no dia 08 de julho, com diversos relatos de que os pistoleiros estariam batendo em pessoas na estrada, invadindo casas, atirando em câmeras de segurança de camponeses e na porteira da área.
As imagens abaixo, captadas no dia 08 de julho, mostram a PM impedindo o acesso de moradores a uma das estradas que dão acesso à AR Valdiro Chagas. Ao mesmo tempo houve a incursão de uma caminhonete preta blindada com vários pistoleiros que entraram atirando na Área.


As imagens abaixo mostram um contingente de 6 policiais militares escoltando veículos e tratores pagos por Gesulino para reerguer uma pequena ponte derrubada pelos camponeses para impedir a invasão por pistoleiros em um dos acessos mais próximos da Área.


Os camponeses já denunciaram a situação da Área e os ataques para o Ministério Público de Rondônia há mais de 2 meses, e os bandidos continuam aterrorizando a região com o apoio policial, de forma sistemática, pois trata-se do mesmo chefe de pistolagem assassino e o mesmo modus operandi utilizado para atacar e expulsar as famílias da AR Gedeon José Duque.
Em abril deste ano, Gesulino Castro atacou a AR Gedeon com seu bando de pistoleiros, expulsou as famílias de camponeses, destruiu suas casas e pertences, além de torturar camponeses da AR Gonzalo.