
Foto: Reprodução/A Nova Democracia
Republicamos material veiculado originalmente pela imprensa popular e democrática brasileira A Nova Democracia.
Em meio ao acirramento das lutas no campo brasileiro, camponeses do Engenho Barro Branco, em Jaqueira, Pernambuco, apoiados de estudantes e intelectuais progressistas, realizaram com sucesso neste domingo (05) o Tribunal Popular: De quem são as terras da falida Usina Frei Caneca? O evento representa um grande impulso na defesa política e jurídica dos camponeses e suas organizações, como a Liga dos Camponeses Pobres (LCP), que organiza os posseiros de Barro Branco e vem sofrendo uma campanha de perseguição impulsionada pela extrema-direita e pelo velho Estado brasileiro.
O evento teve início durante a manhã, com a chegada das delegações vindas do Maranhão, Fortaleza, João Pessoa, Campina Grande, Messias, União dos Palmares, Catende, Recife, além de convidados vindos de Belo Horizonte e Brasília, contando com a presença de camponeses de diferentes regiões, comunidades indígenas, advogados populares, movimentos de luta pela terra, organizações democráticas e revolucionárias, entidades de defesa dos direitos humanos, estudantes e professores, entre tantas outras figuras democráticas e progressistas que se somaram à defesa dos posseiros de Barro Branco, para julgar os crimes cometidos pela empresa Agropecuária Mata Sul e a Usina Frei Caneca contra os camponeses posseiros e ex-trabalhadores da usina.
Junto com a realização do Comitê de Solidariedade a Luta Pela Terra (COMSOLUTE), da Associação Brasileira de Advogados do Povo – Gabriel Pimenta (ABRAPO) e do Comitê de Apoio à Luta dos Posseiros de Barro Branco, estiveram presentes representantes das seguintes organizações: LCP; Movimento Feminino Popular (MFP); Movimento Popular de Luta (MPL); Liga Antiimperialista (LAI); Liga Operária (LO); Sindicato da Construção Civil de Belo Horizonte – Marreta; Sindicato dos Professores do Cabo de Santo Agostinho (SINPC); Núcleo de Documentação dos Movimentos Sociais – Denis Bernardes da UFPE (NuDoc); Corrente Proletária na Educação; Revolução Brasileira (RB), da Associação Brasileira de Anistiados Políticos (APAP).
Também estiveram presentes o Movimento das Comunidades Populares (MCP); Juventude Socialista do PDT (JS); Coletivo Mangue Vermelho (MV); Movimento Ventania (MV); Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR); Coletivo Estudantil Filhos do Povo (CEFP); Executiva Nacional dos Estudantes de Pedagogia (ExNEPe); Coletivo Aurora Democrática; Representantes dos Indígenas Tapeba, do Ceará; Instituto Brasil Palestina (IBRASPAL); Comitê de Solidariedade à Palestina, de Recife; Comitês de Apoio ao Jornal A Nova Democracia, de Recife, do Agreste Pernambucano, de João Pessoa e de Campina Grande.

Após servido o café da manhã, foi iniciada por volta das 10h uma mesa de apresentações, presidida pelo Advogado Popular e Juiz do Tribunal Popular, Jorge Moreno, que familiarizou os jurados e as organizações presentes no evento para um público de mais de 250 pessoas, entre camponeses e apoiadores.
“É com muita honra e muita satisfação para presidir o Tribunal Popular. Esse Tribunal já foi realizado em SC, BA, no MA e em muitos outros estados. […] (O Tribunal Popular) é para que a gente possa fazer esse grande mutirão em nosso País e fazer um julgamento definitivo, com as vitórias e as conquistas que estamos tendo, para gente partir para enterrar de vez o latifúndio e a grilagem de terras. Isso tem que ser um compromisso que devemos assumir, um compromisso de honra. Não tem mais como a gente ouvir que um trabalhador trabalha há anos e anos e recebe como pagamento salário, cesta básica, ou tem que dividir metade da sua renda com aquele que não faz absolutamente nada. […] Não é só pela gente, é pelas gerações futuras que estão por vir, e precisamos transformar esse país em um país melhor.”

Encerrando a inauguração do evento, Jorge Moreno também acrescentou que: “A nossa saudação dos companheiros e companheiras do Maranhão, dos indígenas, dos quilombolas, dos ribeirinhos, dos sem terra e de todos aqueles que lutam por um país melhor aos camponeses de Barro Branco, de Pernambuco e de outros Estados. Contem com a gente! Não existe distância para quem luta! Não existe cansaço para quem luta! Não existe nenhum tipo de obstáculo que faça nos separar! Nós somos um único povo, e precisamos unir esse único povo para construir uma nação forte, soberana, dos trabalhadores e trabalhadoras!”
Feitas as saudações, todos se fizeram de pé para cantar o hino da revolução agrária: “Conquistar a Terra”.

Dado o início do Tribunal Popular, a mesa composta da comissão julgadora convidou os presentes no Tribunal Popular para trazer os casos que seriam julgados para decidir: De quem são as terras da falida Usina Frei Caneca?
Em sequência, um membro da comunidade apresentou o histórico de luta e as demandas do povo e porque decidiram pela realização do Tribunal Popular, concluindo que: “Nós esperamos sinceramente, que esse histórico seja reconhecido. Que esse direito sagrado à terra seja ratificado e reconhecido, e sirva de exemplo para todos aqueles em volta, porque se pegarmos a realidade e o histórico de toda região da Mata Sul de Pernambuco, não é outro senão este mesmo em que estamos vivendo. É a Usina Frei Caneca, é a Usina Pumaty, é a Usina Catende, é a Usina Estreliana e muitas outras, porque isto é parte do que constitui o nosso país. É parte da sua história de formação econômica e social, um regime de classes exploradoras onde nunca permitiram aos pobres sequer ter um pequeno pedaço de terra. E aqueles que conseguem mediante muita luta, nunca são permitidos ser chamados de donos, de proprietários.”
“É isto que está em jogo aqui hoje, companheiros! Décadas e gerações de trabalho, de suor e de luta sendo reconhecidos por todos esses apoiadores e especialmente por esses jurados, por esses movimentos e militâncias que estão aqui. Gostaria de agradecer muito, em nome da comunidade e saudar a todos os presentes!”

Em seguida, advogados da acusação foram recebidos pelos camponeses com os lenços de honra. Após as honrarias, a Vice-Presidente da Abrapo, Dra. Maria José do Amaral junto a outro representante da ABRAPO apresentaram o caso para população e mais uma vez reforçaram todo o histórico das lutas de Barro Branco, como também esclareceram sobre as relações de trabalho mantidas pela usina durantes décadas de exploração contra os camponeses, a causa trabalhista dos processos contra a usina e as reivindicações por direitos e reparação da comunidade pelos anos trabalhados sem carteira assinada, sem pagamento e sem o direito às terras em que sempre trabalharam.

O Testemunho dos Camponeses
No Tribunal Popular, a mesa de jurados recebeu 4 camponeses para testemunhar sobre a realidade de Barro Branco, a luta pela terra e os crimes cometidos pelo latifúndio. Rosineide, que vive na comunidade desde os seus 13 anos de idade, relatou durante o evento sobre a Resistência Feroz de Barro Branco. Quando chegou ao local do confronto, a PM já estava atrás da igreja. “Eles [Os policiais] mandaram eu entrar para dentro da igreja, eles mandaram eu me esconder. Disseram que eu ia levar bala. Eu disse a ele que eu não sou vocês, que estão se cagando de medo. Eu vou ali, para a luta, eu vou para o tiroteio! Se tiver de morrer, eu morro lutando pelas minhas terras.”
Além disso, relatou que os agentes de “segurança” não estavam lá para defender o povo, mas estavam para defender os pistoleiros do Invasão Zero. “Se a senhora não quer sair, então receba tiro!”, afirmou o policial à camponesa, segundo seu relato. “Eu não arredei o pé enquanto não colocamos estes bandidos para correr!”
“A gente vive nessas ameaças aqui. Sexta-Feira, como eles sabiam ia ter esse Tribunal, colocaram dois vigias pra ficar o dia todo pra lá e pra cá, se arrastando nas portas do povo. Não sei o que eles estavam planejando, se estavam pensando que a gente ia ocupar as terras. Mas estão enganados, hoje é o nosso Tribunal e estamos comemorando o dia 28, com muito prazer, muita alegria e muita honra!”
“Porque nós temos vocês tudinho dando apoio a gente! Não estamos sós! E eu tenho fé em Deus que vamos conquistar essas terras que pertencem a gente, não a Guilherme Maranhão!”, afirmou a camponesa, fazendo referência ao dono da Agropecuária Mata Sul, responsável por crimes contra os camponeses de Barro Branco.

Amaro também deu seu firme relato aos presentes e aos jurados: “Eu moro na mesma terra, na mesma casa e não tenho a intenção de sair. Tive problemas de saúde e ainda me carrego com isso, não tenho mais capacidade de trabalhar, mas a vida continua. Aqui nós temos o direito de nos defender. Ele (o Guilherme Maranhão) acha que esse direito é pra ele, que eu não tenho esse direito. Mas é ele quem tá chegando de fora Por eu entender o que passamos aqui todo esse tempo, sei que as ‘autoridades’ ficam do lado do proprietário, porque eles podem fazer tudo e a gente não pode fazer nada.”
Nesse momento, revoltado arbitrariedade da justiça em favor do latifúndio, outro camponês se levantou e também denunciou: “Chegaram na casa do meu pai, derrubaram uma casa que tinha 60 anos assentada lá, aterraram ela, destruíram 90 pés de coco e hoje ela tá lá , em vão”.
Amaro então retomou para responder a pergunta: “A água só corre para o mar, com certeza a Justiça não está do nosso lado, só a gente fazendo justiça. Aí se as autoridades ficarem do nosso lado, aí sim vai funcionar. A gente não pode mudar as águas do brejo, então pra mudar, as atividades e as atitudes têm que ser nossas.”

Perícia no local da Resistência Feroz e manifestação
Após a fala das testemunhas, os participantes do Tribunal saíram para realizar a perícia in loco de onde ocorreu a Resistência Feroz de Barro Branco, no dia 28 de setembro de 2024. A manifestação foi iniciada por volta das 16h30, e durante todo o ato os manifestantes agitam-se com canções da luta popular e revolucionárias, como “Conquistar a Terra” – hino da revolução agrária, “O Risco”, “Bella Ciao”, “A Jovem Guarda” e o hino do Movimento Feminino Popular -, seguido por palavras de ordem como “Guilherme Maranhão, seu lugar é na prisão!”, “Fora ladrão Guilherme Maranhão!”

Durante a manifestação foram feitas homenagens ao Camarada Basavaraj, Secretário-Geral do Partido Comunista da Índia (Maoista), assassinado junto a outros 27 revolucionários pelas mãos do velho Estado indiano, em uma campanha de cerco e aniquilamento denominada “Operação Kagaar, do governo fascista indiano de Narendra Modi, junto à paramilitares que vem tentando aplastar as forças revolucionárias do PCI(Maoista) e a Guerra Popular em curso que dirige na Índia.
As grandes forças da luta popular e revolucionária para resistir e manter em curso a Revolução de Nova Democracia na Índia tem levado a uma campanha de solidariedade internacional pelos movimentos democráticos e revolucionários contra a covardia e barbárie da reação indiana, como a Liga Antiimperialista (LAI), que em sua convocatória pública, chama a todos os progressistas para se juntar nessa campanha em defesa da Revolução Indiana e de seus mártires, que guiam o caminho para vitória do povo indiano e sua libertação, como parte do dever de todos aqueles que lutam contra o Imperialismo mundo afora.
Com uma faixa escrita “O Camarada Basavaraj é imortal! Viva a Guerra Popular na Índia! Viva o Partido Comunista da Índia (Maoista)” e um estandarte com sua foto, os manifestantes unificaram esta importante demonstração de internacionalismo com a luta do povo palestino por sua Libertação Nacional, levantando também um estandarte com a foto de Yahya Sinwar, liderança da Resistência Palestina, assassinado pela entidade sionista em 24 de outubro de 2024. No estandarte estava escrito: “Honra e glória eternas ao Companheiro Sinwar! Viva a heróica resistência nacional palestina!”

O espírito do internacionalismo proletário foi ressaltado durante a manifestação, com palavras de ordem como “Do rio ao mar, Palestina livre já!” e “Morra Israel, Estado assassino! E viva a luta do povo palestino!”. Ao final da manifestação, foram fincadas em Barro Branco a bandeira da LCP e da Palestina pelos camponeses, junto com a participação do presidente do Instituto Brasil Palestina, Ahmed Shehada, que esteve presente na manifestação, que ergueu os símbolos da revolução agrária e da luta anti-imperialista em Barro Branco.
Ao retornar da manifestação, o Tribunal Popular seguiu com um momento de falas, onde um representante da LCP realizou a abertura da mesa falando sobre o surgimento da Liga dos Camponeses Pobres: “Nós pegamos uma bandeira que foi levantada há mais de 500 anos na resistência dos povos indigenas, dos negros, dos camponeses e suas lutas, as Ligas Camponesas. Nós queremos segurar e avançar com essa bandeira. Gostaria de homenagear os companheiros da região Nordeste, dois heróis do povo! Um de Pernambuco e outro de Alagoas, o companheiro Zé Ricardo e o companheiro Del (José Adeilton). Gostaria de saudar também essa Resistência de Barro Branco que deu um grande impulso e teve uma grande vitória, com a luta seguindo cada vez mais profunda com a participação decisiva da juventude revolucionária. Então também uma heroína do povo, representando as mulheres, a companheira Remís Carla.”.
O representante da LCP afirmou que a “luta camponesa no Brasil é uma guerra continuada, com momentos de picos e com momentos de baixa intensidade”, ressaltando que os enfrentamentos feitos em Barro Branco contra o Invasão Zero, contra o Latifúndio e contra o oportunismo. O fato se dá após uma ofensiva do velho Estado que, após não conseguir quebrar a luta camponesa através dos confrontos armados, pôs lá outro tentáculo – o oportunismo – para através dele tentar dividir as massas camponesas da região, como forma de desmobilização, para o Tribunal em particular e para a luta em geral. Ressaltou também que “A autodefesa armada tem de ser defendida em todos os cantos. E este momento que vivemos não é só aqui não, é no mundo em que a luta de libertação nacional do povo palestino alcançou, neste último período, seu maior ponto com a enorme Heroica Resistência Nacional Palestina, que completa 2 anos da batalha do dilúvio de Al-Aqsa.”.
O Presidente do Ibraspal, o Dr. Ahmed Shehada, ressaltou que a luta dos povos oprimidos do mundo contra o imperialismo é a mesma, independentemente de quaisquer fronteiras, colocando a necessidade da unidade anti-imperialista internacional. “O que nos une aqui hoje é maior que qualquer fronteira, nacionalidade ou religiões. O que nos une é a certeza que nenhum povo deve aceitar a opressão. […] Na Palestina enfrentamos tanques, aviões e bloqueios. Aqui, vocês enfrentam dificuldades e injustiças próprias de sua realidade. Mas em ambos os lugares o espírito é o mesmo. Não aceitar a dominação, não aceitar o silêncio, não aceitar a injustiça! […] A dignidade não se negocia, a liberdade não se mendiga, a liberdade se conquista!”
Luiz Vila Nova, liderança camponesa histórica de Buriticupú, no Maranhão e Presidente do COMSOLUTE também se pronunciou ao público, colocando que: “Nós vivemos em uma sociedade de classes, divida entre opressores e oprimidos, os que lucram e os que colocam sua força de trabalho mediante a exploração para enriquecer as classes dominantes. E não podemos permitir que em um evento como esse a gente não fale da luta de classes. Quem vai se confrontar com os poderosos somos nós, trabalhadores! E o que é que nós queremos? Que tipo de sociedade nós queremos? Nós temos que construir um novo mundo, com uma vida digna para todos. E para isso, tem de haver um confronto de luta entre os opressores e os oprimidos! Manoel da Conceição, que esteve exilado na China, falava para nós: É preciso politizar os trabalhadores para serem comunistas! E para isso, nós precisamos preparar às forças das nossas classes, dos oprimidos!”
“Eu moro em uma região que foram desapropriados 35 grandes latifúndios, mas só foram desapropriados depois. Antes, a terra precisou ser tomada! A nossa proposta era a de tomar todas as terras do latifúndio! Mas o governo ficou com pena dos fazendeiros e desapropriou para dar um dinheiro para eles. E lá no Maranhão, a grande força dessa tomada de terra foi a juventude!”

Considerações Finais e Sentença do Tribunal
Chegando ao encerramento do evento, um Advogado Popular da OPA de Piracicaba – SP, prestou ao público algumas considerações sobre o evento: “Estamos diante de um julgamento que não é simbólico, é um julgamento popular que carrega o peso da história de séculos de exploração pelos latifundiários, na Zona da Mata. E pela primeira vez, serão submetidos ao julgamento do povo!”.
“A verdade é clara, o latifúndio não vive sem crimes. Ele vive de fraudes, vive de grilagem, de sangue e de veneno com seus crimes violentos contra os camponeses. Quando a Agropecuária Mata Sul lança veneno sobre as casas e sobre as cacimbas, ela comete crimes ambientais e crimes contra a vida.”
“Quando a Usina Frei Caneca frauda leilões, rouba não só o Estado, mas também os camponeses que têm direito à terra. Quando o Estado e sua Promotoria, supostamente de “Justiça” envia sua polícia para filmar a assembleia dos camponeses, e inclusive se omite em relação aos sucessivos crimes cometidos contra os camponeses, estão atacando a própria organização popular em Barro Branco.”
“Nós, advogados de acusação, aqui empossados pelos camponeses, estamos para afirmar que a Lei burguesa , a qual somos obrigados a aprender, mesmo sendo feita para proteger também o latifúndio, ela ainda sim reconhece que ameaçar, fraudar e espoliar são crimes. E mais do que isso, estamos aqui para dizer que nenhum tribunal desse velho Estado libertará a terra, libertará aos camponeses. Somente a luta pela terra e a organização podem faze-lo.”

O Advogado também apresentou uma lista que sentencia a Usina Frei Caneca e pela a Agropecuária Mata Sul pelos seguintes crimes:
Usina Frei Caneca:
- Estelionato (Art. 171 do Código Penal, pelas fraudes em leilões e execuções judiciais: Pena de 1 a 5 anos de prisão).
- Fraude (Art. 179 do Código Penal, pela fraude contra credores, arrendamentos fraudulentos e fraude na execução: Pena de até 1 ano de prisão e de multa).
- Falsidade Ideológica (Art. 299 do Código Penal: Pena de 1 a 5 anos de prisão) .
- Associação Criminosa (Art. 288 do Código Penal: 3 a 5 anos de prisão).
- Frustração de Direitos Trabalhistas (Art. 203 do Código Penal: Pena de até 2 anos de prisão e multa).
- Sonegação Fiscal (Lei nº 8.137/90: Pena de 2 a 5 anos de prisão e multa).
Totalizando a Pena total da Usina Frei Caneca: 22 anos de reclusão com patamar máximo.
Agropecuária Mata Sul:
- Ameaça (Art. 147 do Código Penal: Pena de até 6 meses de prisão).
- Constrangimento Ilegal (Art. 146 do Código Penal: Pena de até 1 ano de prisão).
- Lesão Corporal (Art. 129 do Código Penal: Pena de até 1 ano de prisão).
- Tentativa de Homicídio (Art. 121 do Código Penal: Pena de prisão de 6 a 20 anos, substancialmente aumentada devido a prova qualificada).
- Constituição de Milícia Privada (Art. 288 do Código Penal: Pena de até 8 anos de prisão).
- Associação Criminosa Armada (Art. Art. 288 do Código Penal: Pena de até 3 a 5 anos de prisão).
- Organização Criminosa ( Código Penal Lei nº 12.850/2013: Pena de até 8 anos de prisão).
- Porte Ilegal de Arma de Fogo ( Lei nº 10.826/2003: Pena de até 4 anos de prisão).
- Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998: Pena caracterizada pelo quantitativo e gravidade das infrações, somando até 56 anos de prisão)
Totalizando a Pena total da Agropecuária Mata Sul: 103 anos e 6 meses de reclusão com patamar máximo.
Com o decreto tipificando os crimes cometidos pelo latifúndio apresentados, os jurados então procederam para decretar a sentença por volta das 18h30, em grande comemoração dos camponeses e apoiadores, neste que é um marco histórico para a luta dos posseiros de Barro Branco contra a Usina Frei Caneca e a Agropecuária Mata Sul, também para os camponeses da Zona da Mata Pernambucana e de todo Brasil.
Encerrando o evento, todos de pé cantaram mais uma vez o hino “Conquistar a Terrra”, e finalizaram o Tribunal Popular cantando “O Risco” junto ao seu compositor, Luiz Vila Nova.
Reação falha na tentativa de impedir o Tribunal Popular
Logo pela manhã, no Município de Jaqueira, todos aqueles que chegaram para participar do Tribunal Popular puderam notar a mobilização de um grande contingente policial realizando blitz nas entradas da cidade e do Engenho Barro Branco. A partir de informações divulgadas pelo monopólio de imprensa “Folha de Pernambuco”, a polícia foi enviada a mando da Agropecuária Mata Sul.

Também foram denunciadas pelos camponeses nas redes sociais, as ameaças de morte recebidas pelo whatsapp contra o Presidente da Associação dos Moradores de Barro Branco e outros moradores da comunidade, onde foram divulgadas imagens de suas residências e veículos. Os autores enviaram áudios afirmando vigiar a comunidade, que infiltraram o evento e tinham como primeiro alvo o presidente da Associação, relacionando as agressões a uma suposta rede de tráfico que estaria sendo prejudicada pela presença de policiamento no local.
Com a brutalidade típica do latifúndio, os autores também ameaçaram os camponeses, entre mulheres, idosos e crianças, afirmando que vigiavam as casas durante a noite, já à cinco dias, e aqueles que dissessem algo durante o evento que “prejudicasse a operação, cabeças iriam rolar”, reproduzindo a sanha macabra que remonta episódios de violência praticadas pelo latifúndio contra o povo pobre no campo, como o caso do indígena Ezequiel Gonales Sanauria Pires, de apenas 20 anos, foi tortura e decapitado em execução brutal próximo à Aldeia Indígena Pirajuí, em Paranhos – MS, região de conflito agrário onde os indigenas lutam para reconquistar seu território ocupado por latifundiários.
Contudo, foi a própria Agropecuária Mata Sul quem acionou a polícia para tentar intimidar os camponeses que participaram do Tribunal Popular, demonstrando o alinhamento entre os latifundiários e as organizações do velho Estado para tentar acabar com a luta do povo. Apesar de todas as tentativas de intimidação, o evento seguiu firme com sua realização e firmou o compromisso com a luta dos camponeses de Barro Branco pelos seus direitos, por justiça pelos crimes cometidos pelo latifúndio e para conquistar as terra da falida Usina Frei Caneca para o povo.
Também foram denunciadas pelos camponeses nas redes sociais, as ameaças de morte recebidas pelo whatsapp contra o Presidente da Associação dos Moradores de Barro Branco e outros moradores da comunidade, onde foram divulgadas imagens de suas residências e veículos. Os autores enviaram áudios afirmando vigiar a comunidade, que infiltraram o evento e tinham como primeiro alvo o presidente da Associação, relacionando as agressões a uma suposta rede de tráfico que estaria sendo prejudicada pela presença de policiamento no local.
Com a brutalidade típica do latifúndio, os autores também ameaçaram os camponeses, entre mulheres, idosos e crianças, afirmando que vigiavam as casas durante a noite, já à cinco dias, e aqueles que dissessem algo durante o evento que “prejudicasse a operação, cabeças iriam rolar”, reproduzindo a sanha macabra que remonta episódios de violência praticadas pelo latifúndio contra o povo pobre no campo, como o caso do indígena Ezequiel Gonales Sanauria Pires, de apenas 20 anos, foi tortura e decapitado em execução brutal próximo à Aldeia Indígena Pirajuí, em Paranhos – MS, região de conflito agrário onde os indigenas lutam para reconquistar seu território ocupado por latifundiários.
Contudo, foi a própria Agropecuária Mata Sul quem acionou a polícia para tentar intimidar os camponeses que participaram do Tribunal Popular, demonstrando o alinhamento entre os latifundiários e as organizações do velho Estado para tentar acabar com a luta do povo. Apesar de todas as tentativas de intimidação, o evento seguiu firme com sua realização e firmou o compromisso com a luta dos camponeses de Barro Branco pelos seus direitos, por justiça pelos crimes cometidos pelo latifúndio e para conquistar as terra da falida Usina Frei Caneca para o povo.
Monopólio de imprensa sai em defesa interesses da Agropecuária Mata Sul
Após o Tribunal Popular, o monopólio de imprensa “Folha de Pernambuco”, que esteve em contato com o latifúndio para realizar a cobertura, noticiou de forma distorcida a realidade do evento. Apesar de terem ido ao Engenho Barro Branco, e nenhum momento caracteriza qualquer testemunho dado pelos camponeses, ou faz qualquer menção aos crimes praticados pela Agropecuária Mata Sul e a Usina Frei Caneca contra o povo.
Em contato direto com a empresa, o monopólio acrescenta informações privilegiadas, supostamente buscando legitimar as ações em interesse privado da Polícia Militar e das forças de segurança pública do Estado e a tentativa de criminalização dos posseiros de Barro Branco e da LCP. A matéria também não presta qualquer contextualização sobre a omissão da polícia durante todas as violações cometidas pelo latifúndio contra os camponeses, nesses últimos anos.
Situando apenas que: “A Agropecuária Mata Sul enviou ofício à Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS) em 2 de outubro, informando sobre possíveis invasões simultâneas em diversas áreas da propriedade, principalmente em Barro Branco. No documento, a empresa solicitou reforço policial e relatou risco ao patrimônio e à integridade física de trabalhadores, mencionando armazenamento de combustíveis, lonas e mantimentos, além de mobilização de pessoas de outras regiões.”
Mais de 30 policiais foram enviados aos arredores de Barro Branco para hostilizar a comunidade, realizando abordagens e revistas contra os camponeses que se dirigiam ao Engenho, junto a intimidações por funcionários da Agropecuária Mata Sul constantemente a comunidade em pickups com vidros pretos e utilizando drones para vigiar a comunidade durante a realização do evento.
Na matéria, foram utilizadas fotos desses mesmos drones, atribuídas de autoria da “Divulgação” do evento, mas que se somam entre diversas outras distorções, à matéria pró latifúndio e leniente aos seus crimes, situando até que a comemoração do primeiro aniversário da Feroz Resistência de Barro Branco, em 28 de setembro de 2024, se trataria na verdade de “um ano da resistência violenta dos posseiros contra colaboradores da empresa.”
Escolha editorial que reforça como há um alinhamento entre as tentativas de legitimar as ataques ilegais do latifúndio e seu grupo paramilitar “Invasão Zero”, com a tentativa de criminalização dos movimentos camponeses como a LCP, qual a FolhaPE faz coro com a perseguição sofrida pela LCP em Rondônia: “Fundada em 1999, a LCP é o principal movimento social de Rondônia em defesa da reforma agrária – ou “revolução agrária”, como costuma divulgar. Os trabalhadores rurais que a compõem pregam a “morte do latifúndio”, e os conflitos violentos envolvendo a organização, tem deixado parte dos moradores da região em alerta.”. Afirmação que faz mesmo sem conhecer a realidade do local, e sem nunca ter entrevistado ao menos um camponês em Barro Branco ou em Rondônia.
Não havendo argumentos para tentar deslegitimar as reivindicações do povo e a realização desse grande Tribunal Popular, a matéria nem sequer menciona o conteúdo do evento, provando como contra toda a reação o sentido de lutar é justo e conquista o amplo apoio das massas populares, que neste momento, hão de enxergar que é o avanço da Revolução Agrária que trará as vitórias para o povo e a garantia de seus direitos democráticos, conquistando a terra para os camponeses pobres e destruindo o latifúndio.