Foto: Representação/AND
Reproduzimos material publicado originalmente na imprensa popular e democrática brasileira A Nova Democracia.
Em outubro de 1999, um grupo de crianças, numa mata no bairro Bandeirinhas, em Betim, cantava junto a um companheiro conhecido como “cantor” – mais um revolucionário que elas só conheciam pelo nome dado à sua profissão – uma música que era um misto de tristeza, pela perda de companheiros na luta, e de esperança no futuro luminoso da humanidade. A letra da música dizia: “Elder, Erionides, vocês se foram, e pra todos nós, vocês continuam vivos!”. Nascia aí uma tradição que perdura até os dias atuais: a comemoração do Dia das Crianças na Vila Bandeira Vermelha.
Passados 26 anos, a grande maioria daquelas crianças hoje são pais, alguns até avós, mas o sentimento persiste, e sente-se a necessidade de passá-lo aos filhos e netos.
Por isso, mantendo a tradição anual, este ano, organizados pela Comissão de Moradores da Vila Bandeira Vermelha, os moradores da Vila organizaram mais um Dia das Crianças.
Com a presença de diversas organizações, como a Luta Popular pela Moradia (LPM), o Movimento das Comunidades Populares (MCP), a Executiva Mineira de Estudantes de Pedagogia, a Liga Operária e o Movimento Feminino Popular (MFP).
A atividade contou com mais de 100 pessoas entre crianças e adultos. Nela, além das tradicionais brincadeiras e lanches, houve coral, apresentações, bingo e distribuição de brinquedos. Ao passo que as crianças se divertiam, os moradores fizeram uma pequena assembleia para debater a luta pela pendente titulação das casas, postergada pela prefeitura até os dias de hoje.
Nas intervenções dos movimentos, foi lembrado por todos que às crianças pertence não apenas o futuro, mas também o presente, e que, como parte da classe, têm que lutar à sua maneira — como lutam as crianças palestinas na trincheira de combate mais acirrada contra o imperialismo.


A atividade contou – como é padrão em todas as atividades na Vila – com as fotos dos heróis que Elder e Eronides, que deram sua vida no Batalha do dia 26 de Abril, onde a Polícia Militar de Minas Gerais, à mando do então prefeito Jésus Lima (PT) atacou covardemente esse acampamento lotado de trabalhadores, trabalhadoras, idosos e crianças, para que essas crianças hoje tenham uma moradia digna.
Isso, além da tradicional decoração com bandeiras vermelhas, representando, para sempre, que seu sangue derramado corre nas veias daqueles que continuam sua luta. Enfim, foi mais uma atividade, mais um dia de celebrar e lutar, como fazem as crianças da Vila Bandeira Vermelha.
