
Foto: Monitor Mercantil (Agência Lusa/reprodução Europa Press)
Em julho de 2025, enquanto Gaza secava de fome e sangue, o primeiro‑ministro reacionário Luís Montenegro (PSD) declarou que o Estado português está para reconhecer o Estado palestiniano ao mês de Setembro. Esta informação foi posta a público pelos monopólios de imprensa portugueses e pelo sítio oficial do Estado ao último dia 31 de Julho.
De acordo com o que está pontuado pelo XXV Governo em seu sítio, Luís Montenegro manifestou “orgulho” pela “diplomacia portuguesa ter um papel ativo no contexto das grandes decisões que, do ponto de vista das organizações internacionais, têm dado uma evolução positiva”.
Cremos que o reconhecimento do Estado palestiniano está na ordem do dia para as massas populares e operárias em Portugal. No entanto, o velho Estado português, reacionário e filosionista, volta a revelar-se como lacaio da diplomacia do imperialismo, conivente com o genocídio em curso contra o povo palestiniano.
No tal reconhecimento, fez-se rolar nessa retórica cansada de “condições indispensáveis” que nunca poderiam ser atendidas: desarmamento da Resistência Palestiniana, dirigida principalmente pelo Hamas, libertação de reféns sem o cumprimento de quaisquer cláusulas pela entidade sionista, eleições “democráticas” (como pretexto para instaurar um governo fantoche pró-imperialismo, principalmente o ianque, através da dita “Autoridade Palestiniana”) e reconhecimento do Estado nazi-sionista de “Israel” como instituição legítima—este mesmo que se não fossem as armas da Resistência, já teria apagado o povo palestiniano do mapa. Exige-se tudo e nada, senão um prato miserável de lentilhas em troca, se oferece.
Era o anúncio de que Portugal só iria reconhecer o direito à Palestina quando fosse absolutamente impossível fazê-lo; quando a Resistência, em luta para recuperar e defender seu território, abandonasse as armas e confiasse no inimigo que há mais de 7 décadas explora, viola e massacra o povo palestiniano.
Essa postura não foi um deslize diplomático: foi uma estratégia evidente de exculpação. Ao dizer que espera uma “concertação com vários países” e que não quer “medalhas pelo reconhecimento”. Antes de tudo, o logro de quaisquer movimentações são fruto de intensa luta das massas operárias e populares, que se levantaram e levantam em defesa da Palestina e de sua Resistência Nacional; portanto, sr. Montenegro, não tente bancar o espertalhão com discursos levianos, típico de a quem você serve e integra. Com isso, Montenegro alinha-se com o discurso do imperialismo e das classes dominantes em nosso país, que mascaram a sua posição de classe e travam a amplificação da voz e do combate feito diuturnamente pelos oprimidos.
Nos mesmos dias, em Nova Iorque, Portugal assinou uma declaração com 15 países, na qual expressou “vontade ou consideração positiva” de reconhecer a Palestina como ato essencial para a solução dos dois Estados. Uma retórica bonita, mas com pés de barro: além de ser feito pela metade (pois reconhece a existência do Estado genocida e nazi-sionista de “Israel”), foi um “compromisso” sem data precisa, subordinado a negociações e consensos (leia-se: entre os países imperialistas e alguns lacaios seus) enquanto famílias palestinianas continuavam a enterrar os seus mortos.
Mariana Mortágua, cabeça do “Bloco de Esquerda”, declarou que o Governo “vem tarde” e que esse reconhecimento deveria ser imediato, defendendo que se trata de um dever perante o direito internacional e a justiça. Mais, acusou o Executivo de ser “cúmplice do genocídio” ao preferir esperar pelo “vento que muda” em vez de tomar uma posição clara. Enquanto o discurso soa lindo demais aos ouvidos de incautos e desavisados, o “BE”, junto com demais partidos da falsa “esquerda” (“PS”, “PCP”, PCTP/MRPP, Livre e demais grupelhos extraparlamentares), semeia e mesmo impõe todo tipo de pacifismo asfixiador nas marchas anti-imperialistas pró-Palestina, para ao fim e ao cabo espalhar nas massas populares a esperança de que a centralidade da luta está nas concessões do velho Estado e em suas instituições, e não nas vitórias e desenvolvimentos arrancados pelo movimento e massas anti-imperialistas portugueses. Este é o retrato da falsa “esquerda” oportunista, eleitoreira e pusilânime.
No Parlamento, ainda em julho, o PSD, partido de Montenegro, votou contra o reconhecimento imediato, alinhando-se com a hipocrisia de discursar sobre “direitos humanos” enquanto protege a mesma agressão imperialista e sionista que gera genocídio em Gaza.
Ao juntar palavras de “solidariedade” parcial com exigências absurdas, o velho Estado português, fundamentalmente atrelado ao sionismo, repete velhas fórmulas: legitima o atraso, protege os poderosos e seus amos, silencia a verdade. A dignidade internacional das massas populares portuguesas, portanto, será sempre medida pela capacidade de solidariedade real, de um profundo internacionalismo proletário e anti-imperialismo, de levar a cabo ações de denúncia e combate ao genocídio corrente em Gaza desde o país, de apoio incondicional às organizações que dirigem a vitoriosa Resistência Nacional Palestiniana, que sozinha enfrenta o invasor sionista e o imperialismo. Tudo a servir o crescimento vigoroso de um verdadeiro movimento anti-imperialista, que cumpra todas essas tarefas de forma certeira, e não simplesmente por exigências que apenas servem para adiar o óbvio.