
Em pleno início de verão, época alta do turismo em França, dois dos maiores sindicatos do país (USAC-CGT e UNSA-ICNA) convocaram as massas para uma greve que se perpetuou por 2 dias, 3 e 4 de Junho. Esta decisão iniciou uma discussão sobre a precarização do trabalho nas infraestruturas aéreas.
Com cortes de 25% em Paris e 50% em regiões no Sul da França, segundo avançou a Agência de Aviação Civil Francesa (DGAC), as empresas de aviação começam a fazer contas aos prejuízos.
Todavia, esta paralisação evidência algo bem mais assustador, a exploração constante das empresas de aviação aos seus funcionários, que são obrigados a trabalhar com ordenados baixos, falta de mão de obra, equipamentos obsoletos e uma cultura de gestão autoritária. Estas condições colocam sobre a mesa a matriz precária que enfrentam os controladores de aviação no meio de empresas que trazem sempre um discurso de modernização na ponta da língua.
Em resposta ao ocorrido, o governo reacionário francês representado pelo ministro dos Transportes, Philippe Tabarot, classificou as demandas dos trabalhadores como “inaceitáveis”, passando por cima destes e ignorando o colapso estrutural do setor.
Enquanto o governo tenta fechar o olhos para uma crise emitente no próprio sistema aéreo e negar qualquer negociação, os passageiros sofrem com com atrasos, remarcações e o impacto direto de um modelo de aviação à beira do esgotamento — e não por falta de aviso.
Os sindicatos já anunciaram convocar mais greves ao longo do mês de Julho se esta apatia por parte de Philippe continuar, pressionando o governo francês a tomar uma decisão com urgência. Contudo, até essas demandas serem escutadas pode ser tarde demais para o reacionário Emmanuel Macron, que vê a sua popularidade cada vez mais desgastada, principalmente se esta paralisação seguir adiante, escancarando ainda mais a crise geral de decomposição do imperialismo em seu próprio terreno e o ruir cada vez mais evidente de uma ordem que não consegue sustentar mais as suas próprias pernas.