
Dia 17 de Junho, o velho estado Português deu a conhecer uma operação que visava o “Movimento Armilar Lusitano” (MAL), descrito como uma milícia reacionária armada com planos para realizar um possível ataque a órgãos demoliberais burgueses, principalmente o Parlamento, e a políticos e personalidades progressistas, algo que já se verificava nos seus posts feitos através de plataformas virtuais.
A operação da polícia conseguiu prender 6 suspeitos, incluindo um chefe da Polícia de Segurança Pública (PSP) de Lisboa e outros 2 membros das forças de “segurança”, o que mostra a podridão reacionária desenvolvida pelos aparatos do velho Estado, que cada vez mais têm-se radicalizado para a extrema-direita. Além das prisões, também foram apreendidos explosivos, armas brancas e armas de fogo, muitos impressos em impressoras 3D, barateando a produção dos equipamentos, acabando mesmo por armar também os grupos com esse método, contudo a investigação não conseguiu apurar quais.
Para além do que foi apreendido, a Polícia Judiciária ainda conta com todas as mensagens trocadas pelos integrantes num grupo do aplicativo de mensagens Telegram, que, segundo consta, juntava cerca de 900 membros, dentre eles o pai de Rita Matias, Manuel Matias, figura também ligada ao partido ultrarreacionário Chega, que reagiu com a seguinte declaração: “Apanhou-me de surpresa. Não conheço o grupo. Estou, aliás, nos antípodas dessas pessoas“. Isto é algo que os factos desmentem, já que o mesmo foi apanhado a publicar conteúdos dentro do grupo neonazi, escancarando mais ainda o compromisso do velho Estado português com toda escumalha anti-povo. Também foi revelado que o movimento estava com várias unidades do livro escrito por Hitler, Mein Kampf, comprovando a tese de que este grupo tinha inspirações neonazis.
Sabe-se, para além do mencionado, que entre as apreensões estavam autocolantes e bandeiras do grupo neonazi 1143, liderado por Mário Machado, e uma bandeira que parece ter ligações a grupos neonazis alemães. A tudo isto junta-se a suspeita do grupo poder estar a realizar treinos de airsoft com outras milícias de extrema-direita pela Europa, ou então a cogitar fazer.
Extrema-direita nas forças de polícias: violência reacionária contra as massas populares, principalmente imigrantes
Todavia, este caso não pode ser avaliado como algo isolado. Ao longo dos anos temos visto a radicalização de vários sectores das forças de repressão (como a GNR e a PSP), radicalização essa que levou inevitavelmente ao caso do Odair Moniz, morto pelas mãos da polícia na fatídica madrugada do dia 21 de Outubro de 2024. As massas populares, principalmente imigrantes, foram às ruas em enérgicos protestos e ações armadas, despejando toda a violência revolucionária de volta ao velho Estado português.

Esses extremismos dentro das forças de repressão burguesas já foram apuradas e denunciadas energicamente pelas massas em diversas manifestações. Por volta de 2022, mesmo a imprensa monopolista pôs à tona investigações que revelavam, da parte de alguns elementos das forças repressivas, comportamentos discriminatórios, xenófobos, racistas e apelos à violência reacionária e à prática de crimes graves contra o povo, tendo sido denunciados mais de 600 membros como perpetradores dessas práticas.
Inevitavelmente, esta investigação no seio do aparato burguês relembra-nos o caso do agente Manuel Morais, que ao longo dos anos denunciou esta realidade no seio das forças policiais e foi recebido com represálias, tendo sido expulso de um sindicato das polícias e suspenso da PSP, mostrando a compadecência das forças de “segurança” com este tipo de ideologia anti-povo.
O racismo da polícia revela uma tendência nos aparatos burgueses. Por conta disso, em Portugal, a brutalidade policial afeta particularmente massas populares negras, roma/ciganas e, mais recentemente, imigrantes do Sul Asiático e Magrebe. Objetivamente, a maioria das denúncias de racismo acaba no esquecimento, sendo arquivadas, ou não resulta em qualquer condenação. No contexto da violência policial, entre 2006 e 2016, 75% das reclamações de racismo contra as polícias foram descartadas, sendo que apenas 30% dos processos chegaram a ser investigados pelo Ministério Público e nenhum agente da polícia sofreu qualquer condenação neste âmbito. Dados também revelam que pessoas roma/ciganas têm uma probabilidade 43 vezes superior de serem mortas em intervenções policiais.

Esta realidade no seio das forças de “segurança” reacionárias com a radicalização em direção à extrema-direita desses mesmos órgãos, o que aprofunda o desmascaramento de uma organização que se posa como “defensor dos cidadãos”, mas que no final serve a reprimir as massas em luta, a semear terror pela madrugada e a integrar milícias neonazis.
Reacionarização do velho Estado português tem como alvo as massas populares
Para as classes dominantes e seu velho Estado, a repressão contra as massas populares, em maior grau às massas imigrantes ou racializadas, e esse caldo de ideologia reacionária são bastante vantajosas. Esta tendência se eleva diante do medo do imperialismo e da reação frente ao avanço das lutas populares pelos seus direitos democráticos, servindo a jogar massas contra massas, enquanto se neutraliza a força poderosa de luta e unidade entre seus setores, que são esmagados das mais variadas formas pelo próprio velho Estado.
Com o avanço da crise de decomposição do imperialismo, que corre todo o mundo, sectores das classes dominantes portuguesas estão cada vez mais a fazer uma defesa aberta do rompimento com o regime demoliberal burguês, aprofundando a pugna entre sectores reacionários liberais e abertamente fascistas pela direção desse velho e corrupto Estado. Desta disputa, nada tem a ganhar as massas populares—que seguem tendo seus direitos democráticos pisoteados e estão cada vez mais a jogar-se na arena de luta combativa—, visto que tal pugna no seio dos lacaios locais do imperialismo e da reação é tão somente por terem, em seus escusos interesses, seu pedaço do botim e por coordenarem, dentro de suas possibilidades, a reacionarização do velho Estado contra as massas populares.
É necessário romper as ilusões e atirar-se à luta combativa
Não se deve ter quaisquer tipo de ilusões com relação aos sectores demoliberais do regime português, pois não são defensores dos direitos do povo, mesmo que se posem como “democratas”; são eles que desde a transição do regime fascista para o atual nos anos 70 coordenam, em conjunto com as próprias forças fascistas na caserna, a derrubada dos direitos democráticos e a escalada na repressão às massas operárias e populares, principalmente imigrantes e refugiados.
Somente o povo, força mais poderosa da história, luta pelos seus direitos democráticos arrancados com o suor e sangue de décadas de revoltas e levantes, e só elas podem fazê-lo, avançando passo a passo, coalhando-se e forjando seus melhores filhos e filhas em um forte e sólido destacamento avançado, que mobilize, politize, organize e desenvolva paulatinamente todas estas lutas económicas em lutas pelo poder, que ponham fim a todo este regime de exploração e opressão.
1 pensado em “Extrema-direita mostra suas garras em Portugal com a formação de milícias reacionárias sob o apoio do velho Estado”
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