Foto: Reprodução/ Nova Aurora
Reproduzimos material publicado originalmente na imprensa popular e democrática brasileira A Nova Democracia.
No último dia 4 de novembro se passaram 100 dias do encarceramento do historiador e ativista estudantil da Índia, Pryianshu Kashyap. A prisão do jovem ativista se soma ao um conjunto extenso de casos de perseguição contra militantes políticos na Índia pelo governo fascista Narendra Modi, que cada vez mais generaliza e institui a perseguição política e a tortura como politica de Estado.
Em 26 de julho desse ano, foi sequestrado e preso pela polícia investigativa de Haryana, o estudante de 22 anos da Universidade de Delhi. Por 3 dias de sequestro, nenhuma informação foi dada à família ou a amigos. O estudante, sem direito de defesa, está até hoje preso nas masmorras do velho estado fascista indiano, sob a acusação de prestar solidariedade e voz ao povo camponês em luta no interior de seu país.
Na nota publicada pela Campanha Contra a Repressão Estatal em apoio ao estudante e por sua libertação imediata, é exposto o mecanismo pelo qual esse tipo de perseguição se multiplica na Índia. A prisão de Pryianshu é justificada pelo velho Estado indiano como parte de uma política de anti terrorismo, chamada de “Lucknow Conspiracy Case”.
Lucknow é a capital do estado de Utar Pradexe, no nordeste da Índia, onde o movimento revolucionário tem atuação com mais pujança. A partir de 2023, o governo indiano alega ter detectado atividade ”terrorista” vinculada à Al Qaeda, mas logo usou do subterfúgio para generalizar a concepção de terrorismo a qualquer um que tivesse qualquer ligação a lutas sociais, populares e democráticas. Desde 2022, o governo fascista de Modi instituiu o Esquema Surajkund, que visa perseguir o “naxalismo de caneta”, ou seja, perseguir e silenciar qualquer ativista, estudante, professor, intelectuais, e vozes democráticas que ousem fazer qualquer menção ao Levante Camponês de Naxalbari.
O que acontece na Índia tem como principal objetivo perseguir o movimento revolucionário e seus avanços democráticos nas regiões rurais do país. Assim é criminalizar qualquer ligação de indivíduos ao Partido Comunista da Índia (Maoista), mesmo que sob forjas e falsas alegações. Recentemente, em Jharkhand, estado no nordeste da Índia, foram presos 197 naxalitas, e 17 acusados de serem parte do PCI (Maoista) foram mortos pela polícia indiana. A perseguição ao maoismo oferta inclusive prêmios em dinheiro para quem se dispor a contribuir com o encarceramento de indivíduos acusados de maoistas, se utilizando da miséria criada pelo próprio regime indiano para eliminar aqueles julgados como inimigos políticos.
Um notável caso de perseguição política na Índia foi contra a figura de Naga Saibaba, professor e presidente da Frente Democrática Revolucionária. O ativista foi sequestrado e preso também dentro da Universidade de Delhi, e morto aos 57 anos por complicações derivadas de seu tempo preso em condições desumanas no sistema carcerário indiano sob a alegação de ser “simpático ao maoísmo”. Saibaba era cadeirante e tinha 90% do seu corpo paralisado, numa cadeia sem sequer uma rampa de acesso, construída para comportar 1500 detentos, mas que alojava 3000.
Em 28 de outubro, Sanjoy Deepak Rao, outro prisioneiro político na Prisão Central de Cherlapally, acusado ser um suposto membro do Comitê Central do PCI (Maoista), iniciou uma greve de fome, como assim também o fez Saibaba, em protesto as brutais condições do cárcere. “Há oito meses estou trancado por 22 horas. Antes, eram 24 horas. O manual diz que deve ficar aberto das 6h às 18h. Eles não me deram minha própria cópia do manual. Minhas cartas não estão sendo enviadas. Eles entraram no meu quarto quando eu estava no tribunal. Vi marcas de botas. Eles podem estar planejando me implicar. Exijo que meu quarto seja revistado apenas na minha presença.”
Maoistas persistem na Guerra Popular da Índia
Na Índia está em curso uma guerra popular dirigida pelo Partido Comunista da Índia (Maoista) e realizada pelo Exército Guerrilheiro Popular de Libertação (EGPL). No mês de maio deste ano, fora assassinado o grande dirigente do PCI (Maoista), camarada Basavaraj e mais outros 27 combatentes. Os corpos dos assassinados foram sequestrados pelo velho Estado indiano e tiveram o direito de serem enterrados negado pelo regime fascista.
Em recente nota, o PCI (Maoista) promete ao povo nunca se render e nunca entregar suas armas aos inimigos, em demonstração de que persistirão no caminho revolucionário.
