
Este texto é uma adaptação da matéria repercutida pelo jornal revolucionário brasileiro A Nova Democracia.
O exército israelita afirmou na terça-feira ter interceptado dois mísseis lançados a partir do Iémen num intervalo de três horas – um dos quais, segundo declara, tinha como alvo Jerusalém ocupada.
Os ataques fizeram soar sirenes de alarme aéreo no centro de Israel e em vários colonatos na Cisjordânia ocupada, levando à suspensão de voos no Aeroporto Internacional Ben Gurion, em Telavive.
Os mísseis, alegadamente intercetados de manhã e novamente por volta do meio-dia, representam a mais recente de uma série de operações de longo alcance levadas a cabo pelas Forças Armadas do Iémen, afiliadas ao movimento Ansarallah.
Estas operações integram a campanha de solidariedade do Ansarallah com o povo palestiniano, em especial com aqueles que padecem sob o prolongado ataque israelita à Faixa de Gaza.
O Ansarallah tem reiterado que os seus ataques contra Israel e contra embarcações com ligações a Israel no Mar Vermelho não cessarão enquanto durar a guerra genocida em Gaza e não for levantado o bloqueio.
O grupo iemenita tem visado, sobretudo, alvos militares e económicos – como o Aeroporto Ben Gurion e navios que atravessam o Mar Vermelho, o Golfo de Áden e o Mar Arábico – no que considera ser uma campanha regional para pressionar Telavive e os seus aliados a pôr termo à agressão.
A resposta israelita tem sido rápida e letal. Nos últimos meses, aviões de guerra israelitas lançaram repetidos bombardeamentos sobre território iemenita, incluindo um ataque aéreo a 6 de Maio que danificou o principal aeroporto civil da capital, Sanaa, e provocou a morte de vários civis.
Apesar destes ataques, o Ansarallah manteve as suas operações, invocando aquilo a que chama um imperativo moral de se posicionar ao lado de Gaza perante a inação global e a cumplicidade dos EUA na guerra.
Não houve resposta imediata do Ansarallah às mais recentes alegações de interceção por parte de Israel, mas o grupo tem emitido, nos últimos meses, várias declarações reafirmando a sua posição: enquanto a população de Gaza for bombardeada, esfomeada e deslocada, continuarão as operações contra os interesses israelitas.
Observadores internacionais têm notado que o Iémen, um dos países mais pobres e devastados pela guerra em todo o mundo, surgiu como uma voz coerente de resistência no meio do silêncio ou da conivência de grande parte da comunidade internacional.
As operações militares do Ansarallah, embora controversas, ressoaram por toda a região como actos de desafio perante o esmagador poder de Israel e do Ocidente.
Entretanto, à medida que Israel prossegue o seu ataque militar a Gaza, cresce a interrogação sobre se será possível evitar uma nova escalada regional – e se os que continuarão a pagar o preço serão, mais uma vez, civis em lugares como Sanaa, Rafah e Jabaliya.