
Este conteúdo é uma adaptação da matéria divulgada pelo jornal A Nova Democracia, órgão de imprensa democrático e popular brasileiro.
O Novo Exército Popular (New People’s Army, NPA), exército revolucionário dirigido pelo Partido Comunista das Filipinas (Communist Party of the Philippines, CPPh), repeliu vários ataques das celeradas Forças Armadas do Velho Estado entre Fevereiro e Março, segundo informações do portal internacional The Red Herald e do Philippine Revolution Web Central (PRWC).
Na última semana do mês de Fevereiro de 2025, os ataques do 81.º e do 16.º Batalhão de Infantaria (Infantry Battalion, IB) na região oeste de Camarines Sul foram completamente repelidos pelo NPA, numa contra-ofensiva que causou 18 baixas às forças reaccionárias: 11 mortos e 7 feridos durante os confrontos.
Quase um mês depois, no dia 23 de Março, os combatentes vermelhos tiveram outro confronto com as Forças Armadas das Filipinas (Armed Forces of the Philippines, AFP), no município de Ragay. Incapazes de vencer, as AFP recuaram e decidiram iniciar uma operação de batalhão nas florestas de Camarines Sul e de Labo, em Camarines Norte.
No dia seguinte, a unidade do NPA foi, mais uma vez, atacada pelas forças reaccionárias, mas conseguiu manobrar a formação e afastar-se das linhas inimigas. Desesperados por infligir danos ao Exército Popular, os militares sobrevoaram as montanhas de Barangay Baya em dois helicópteros, atacando camponeses e afectando a subsistência das populações locais.
Em meio aos conflitos, os reaccionários conseguiram martirizaro combatente revolucionário Angelo “Ka Kim” San Diego. Ainda assim, o porta-voz do NPA de Camarines Sul, Ka Michael Robredo, não expressou tristeza e saudou o martírio: “o Comando de Norben Gruta e todo o movimento revolucionário prestam a Ka Kim a maior das honras, que enfrentou com valentia o maior dos sacrifícios ao servir o povo”, afirmou.
Ka Michael denunciou ainda os celerados militares pelas violações das leis humanitárias internacionais, que submetem os moradores das aldeias a todo o tipo de ameaças, torturas e guerra psicológica enquanto escalam as montanhas para garantir a subsistência das suas comunidades.
Enquanto as forças armadas reaccionárias tentavam eliminar os revolucionários em Camarines Sul, o NPA impôs operações de contra-ofensiva contra as forças inimigas, a partir do seu comando em Masbate. A série de ataques incluiu um fustigamento ao quartel-general militar no município de Cataingan, no Barangay Estampar, um ataque aos destacamentos paramilitares da milícia Citizen Armed Force Geographical Unit (CAFGU) no dia 24 de Março, a queima do equipamento de processamento de mandioca como sanção aos grileiros no município de Malitbog, no Barangay Siloo, no dia 5 de Abril, e o confisco de uma arma de fogo e dois rádios no dia 7 de Abril.
As informações sobre as operações bem-sucedidas do NPA contrastam com as contrapropagandas das AFP, que recentemente tentaram demonstrar a sua vantagem na guerra após o martírio da dirigente comunista Ka Malaya.
Estas operações ocorrem também num momento importante para o movimento revolucionário do país: segundo a organização Amigos do Povo Filipino em Luta (Friends of the Filipino People in Struggle, FPPS), uma série de celebrações será realizada no dia 26 de Abril, em comemoração do 52.º aniversário da Frente Nacional Democrática das Filipinas (National Democratic Front of the Philippines, NDFP).
As Filipinas, país do Sudeste Asiático marcado por séculos de colonização, exploração estrangeira e governos reaccionários, continuam a ser palco de uma das mais antigas e persistentes guerras populares em curso no mundo. Sob direcção do Partido Comunista das Filipinas (CPPh), fundado em 1968 sob orientação marxista-leninista-maoista, o povo filipino trava uma luta prolongada contra o velho Estado semifeudal e semicolonial, sustentado pelas potências imperialistas em geral, pelo imperialismo ianque em particular, e pelas classes dominantes locais.

A guerra popular prolongada nas Filipinas
O Novo Exército Popular (New People’s Army, NPA), fundado em 1969 como braço armado da revolução filipina, mantém-se activo em vastas regiões do campo, aplicando a justa estratégia de guerra popular prolongada, baseando-se nas massas camponesas pobres e no campesinato e operários em geral para construir Zonas de Novo Poder e cercar as cidades a partir do campo. Durante décadas, o NPA resistiu a intensas campanhas de aniquilamento lançadas pelas reaccionárias Forças Armadas das Filipinas (AFP), forças essas que actuam como lacaios da grande burguesia burocrática e compradora, dos latifundiários e dos interesses imperialistas no país.
Ao longo dos anos, as tentativas do Velho Estado em esmagar o movimento revolucionário têm-se intensificado, com o apoio de potências estrangeiras, recorrendo a operações militares de grande envergadura, assassinatos selectivos, ocupações de aldeias, pilhagens, torturas e toda a sorte de violações contra o povo. Mesmo assim, o movimento revolucionário tem-se mantido firme, ampliando as suas bases de apoio, desenvolvendo formas criativas de resistência armada e reforçando a sua influência política junto das massas oprimidas.
A resistência popular nas Filipinas não é um caso isolado, mas parte de uma tendência maior que se desenvolve em vários países oprimidos, onde o povo, forçado a escolher entre a submissão ou a rebelião, decide trilhar o caminho da luta armada revolucionária para conquistar uma nova sociedade, liberta da exploração de classe, da dominação imperialista e do atraso feudal.
Os recentes combates e operações relatados confirmam que, mesmo diante das mais brutais ofensivas do aparelho militar reaccionário, as massas sabem adaptar-se, resistir e contra-atacar, demonstrando a justeza de uma linha política e militar baseada na mobilização popular, na guerra de guerrilhas e na construção paciente, desde as aldeias e montanhas, de um novo poder popular.