
Repercutimos aqui a matéria publicada pelo jornal revolucionário e internacionalista “The Red Herald”.
No passado dia 10 de Maio assinalaram-se sete anos desde o desaparecimento forçado do Dr. Ernesto Sernas García. Para marcar esta data realizou-se a Marcha Unida das Mães e Famílias em Busca, com a participação de diversos colectivos, entre os quais a família do Dr. Sernas, o Movimento Popular de Mulheres (MFP) e os Ex-Presos Políticos de Junho de 2015, que foram detidos arbitrariamente e acusados de terrorismo e de porte de explosivos de uso exclusivo militar. Esta foi a última grande defesa de professores que Sernas García liderou antes do seu desaparecimento.
A marcha partiu do Monumento à Mãe, na praça principal da Cidade da Resistência. O primeiro grito que se ouviu foi: Dr. Ernesto Sernas García, apresentem-no com vida! Vivos os levaram, vivos os queremos de volta!
Esta marcha teve como objectivo unificar as mães e famílias em busca que recusam negociar com o Estado e exigem o regresso com vida dos seus familiares, deixando claro que esta busca não tem preço e que não estão dispostas a aceitar um cêntimo do Estado, que através das suas instituições corrompidas como a Comissão Estatal de Busca ou a Comissão Estatal de Atenção às Vítimas tenta aplicar a política de “dividir para reinar”, enfraquecendo as forças das mães e famílias em luta.
Durante a marcha, cada colectivo tomou a palavra e gritou os nomes dos seus desaparecidos. Ao longo do percurso, foram distribuídos panfletos elaborados pelas próprias famílias, com retratos dos desaparecidos. As ruas voltaram a ser inundadas pelo rosto do Dr. Ernesto Sernas García.
Ao chegar à praça principal da Cidade da Resistência realizou-se um comício onde se denunciou a incompetência do Estado em garantir a busca pelos desaparecidos. Desde os anos 60 até hoje, contam-se mais de 127 mil desaparecidos em todo o país, sendo que em Oaxaca o número ultrapassa os 4.500 desaparecidos, entre os quais o camarada Sernas García e outros desaparecidos políticos, sobretudo entre os Professores Democráticos da CNTE e a guerrilha.
A Marcha Unida é um claro exemplo de que, perante a omissão do Estado, o povo está a organizar-se para construir a Frente Única que procura travar a guerra contra o povo e o terrorismo de Estado. Os nomes dos nossos desaparecidos ecoaram no Palácio da Ignomínia, assim como os seus rostos ali exibidos, para que o regime não se esqueça de que continuamos à sua procura.